domingo, 13 de janeiro de 2013

Um nada


Tem um poema dentro de mim
Um poema que não quer escorrer no papel
mas escorre livre dos meus olhos
Um poema líquido, que lava minha pele morta

Um poema que se entorta
E, de tão espremido
Não sei dizer sobre o que é

Um poema não traduzido
Para nenhuma língua falada
Um poema que não diz nada
Que não serve para nada

Um poema que só deixa
meu coração mais perdido
e minha alma mais agitada

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Para o Amor


Amor!
E quando digo ‘amor’
Refiro-me ao sentimento
Não à pessoa

Amor!
Largue-me
Deixe-me respirar
Estou sem forças para lutar
Pois tu foste meu guia
E agora me mata depois de me usar

Amor!
Confiei no teu aconchego
Tua paz e felicidade
Que com muita maldade
Instalou-se sagaz em mim

Amor!
Deste-me dias de ouro
Que hoje são maus agouros
Que rezo para esquecer

Eu Sei!
Fui eu quem te chamei
Ardentemente te busquei
Quanto a dor? Até imaginei
Mas não aquento o seu poder

Amor!
Largue-me!
E me deixe seguir em frente
Não quero me sentir doente
Por não conseguir te manter

Amor!
Como és adorado!
Como és falado!
Contado e cantado
Mas poucos se dispõem a te ouvir

Eu ouço seu choro
Você pede que eu fique
Você grita: “Arrisque!” e,
“Deixe-me viver em você”

Amor!
Você se espalha em meu peito
E me pedes com jeito
Para eu não partir
Não sei se te aguento
Eu não sei se te aguento!

Não sei se sou forte a sua altura
Pois a liberdade que me ofereces
É a de transitar
Numa sala de tortura

Despeja-me a verdade nua e crua
E, depois das ilusões que me deste
Sou quase levada à loucura

Ah Amor!
É o único demônio meu
Porque me pedes para ser boa
Mas em seu nome cometi crimes
Em seu nome, desonro o meu

Amor!
Tu és um sádico!
Psicopata!
Cujas pobres vítimas mata
E ainda as deixa viver

Ai amor!
Não tenho muita escolha
Ou morre eu
Ou morre você



feito em: 20/11/2011

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vestígio de diário 16/09/11


Eu continuo nessa linha linear de comportamento, que exige que você não faça escândalos por ser falta de educação. Por fora eu até posso ser um rosto bonito, mas e por dentro? O que eu estou sendo por dentro? Como é minha beleza por dentro? Se é que eu tenho alguma beleza. Acho que eu me assustaria se visse a minha imagem interior. Devo estar toda puída.

Eu tento resgatar minhas épocas anteriores e tentar responder a questão: Alguma vez eu estive ajustada nesse mundo? Em algum momento estive no lugar certo? Porque de verdade acho que eu nunca estive em lugar nenhum. Eu apenas perambulei pelas ruas, como um rato envenenado se rasteja pelos bueiros.

Parece que todos os propósitos foram criados para me distrair e que no fundo eu não vejo sentido em nada. Por isso que criam escolas e profissões, para que você não sinta falta de ser livre. Para que você faça alguma coisa e não se suicide. Eu gostaria de estar morta e enterrada, e talvez nem isso eu deseje de verdade;

Eu cheguei à um estado em que eu simplesmente ‘estou’. Entretanto eu não ‘quero’, não ‘sinto’ e não ‘sou’. Como um paciente vegetativo.
O meu estado consiste num vazio que não machuca, não da saudade e não traz medos. Apenas está ali somado a multidão. Como apenas mais um grão de areia na praia. Daqueles bem afastados que não provam do frescor do mar. É como se eu estivesse me autoclassificando no grupo ‘dos sem propósitos’.      

Acho lindas as mensagens que passam nos filme de ‘você deve acreditar e nunca desistir dos seus sonhos’. Isso não me ajuda em nada. Eu talvez devesse ter um sonho, mas qual?

Um marido atencioso? Filhos que terão um propósito mais inteligente? Uma carreira bem sucedia? Dinheiro para chutar ao longe, acumulado em montes?

Não importa se eu estivesse matando uma pessoa ou a estivesse fazendo sorrir, eu não me sentiria mais viva por causa disso.

Dizem que o ser humano é insaciável por não saber o que ele deseja realmente. Uns veem sentido no amor. Outros discordam e o amor entra em debate. Então ele vira um tema a ser discutido e não mais uma solução. Uns alimentam raiva ao longo dos anos e nunca a compreendem. Uns fazem projetos para suas vidas, outros deixam a vida os levarem.

Uns colocam toda sua fé num Deus maior que nós, e lá vem mais teorias. E esse Deus por horas é Deus por outras é o Diabo e por vezes não existe. Se Deus existe acho que ele é mais um derrotado como nós. Se Ele realmente existe espero que Ele esteja frustrado com o que fez. Espero que Ele tenha se arrependido do que criou. Se Deus existe ele é com certeza um desses bons artistas desprezado, que não alcançou a perfeição em sua obra por ignorar sua existência, e até hoje não tem seu reconhecimento por ainda estar vivo. Porque somente quando Deus morrer na mente de todos é que ele será lembrado como um Deus.

Até mesmo quando eu morrer vão inventar algo bom ao meu respeito. Não por que gostem de mim, apenas para reconfortarem a si mesmo com a ilusão que não há vida inútil.

Hoje eu não sou nada, mas se eu morresse hoje até um desconhecido falaria bem de mim. E o que adianta reconhecimento quando nada lhe agrada?  Quando para todo lugar que você olha, você vê hipocrisia, incluindo o espelho?

Espero que Deus se odeie por ter me criado.

Por que o homem tem tanto medo da dependência, e por que insiste em depender sempre de algo? Seja do tempo, do dinheiro, do amor ou da dor.
Essa é a verdade sobre nossa espécie. Somos podres. E não adianta responsabilizar um ser que nem podemos ver, compreender e nem mesmo definir.

Definições!

O mundo se perdeu em definições e nunca compreendeu nada de verdade. Porque sempre teve que existir um mais forte, um mais sábio. Sempre houve competições de poder, e poder de verdade ninguém possuiu. Porque ninguém soube direito o que o poder é. Tentaram definir e monopolizar o poder, assim como fizeram com os Deuses e continuam fazendo com tudo o que existe.
Deus nunca vai se odiar por ter me criado, ou por ter criado o mundo. Ele vai se odiar unicamente por um dia ter desejado ser Deus.

sábado, 14 de julho de 2012

Himmel


Himmel

Eu vi defuntos

Vestindo máscaras

Preparavam-se para o funeral


Vi mortos aguardando

O fim do expediente

Para encerrar de vez

Mais um dia teatral


Eles se moviam

E cochichavam

Mas não estavam lá de fato

Estavam mortos

Sem velório

E os vermes corroendo

Corroendo....


Uns falavam ao telefone

Outros corriam e se esbarravam

Esbravejavam

Uns pediam esmola

Para as máscaras de ar sério
O mundo na verdade

É um grande cemitério


Somos as flores murchando

Nas lápides onde nossos ancestrais também murcharam

Somos um barril acumulado

De horas trabalhadas

E realizações banais


Eu vi mortos vivendo

Inteiros?

Só em termos carnais
Com os corações sepultados

Com os sonhos esquecidos

Vi rostos pintados

E descoloridos

Mas nenhum com cor natural


Só vi falta de vida

Na vida cotidiana

Vi morte nos sorrisos

E procurei a morte de verdade

E adivinhe!

A morte não está tão morta

Quanto a vida desta cidade


Esbarrei em sonhos perdidos

Daqueles que foram descartados

E se podaram para serem aceitos

E agora morrem de dias perfeitos

Morrem por estarem adaptados


Desculpem-me se ofendo

Mas nessa vida tão estúpida

Quanto mais observo a sociedade

Mas admiro as prostitutas
Cansei de uma vida trancada

E tentei viver de novo

Mas acho que nesse governo

A vida não trabalha de carteira assinada.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Círculo


Então eu fico correndo em círculos como um animal ferido. Eu corro desesperadamente, dou voltas em mim mesma para sanar essa perda.
Que perda? O excesso de esforço físico deixou minha vista turva, meu corpo enfraquecido e minha mente pálida. Agora é muito mais simples abortar a si mesma e morrer sem propósito. É fácil perder para o veneno.
Sim, veneno! Porque esses desejos e sonhos não passam de venenos que correm em nossas veias. E esse ‘ar que respiramos’ é composto de toxinas.
Então eu venho correndo em círculos como um animal ferido. Eu corro desesperadamente, dou voltas em mim mesma para sanar essa perda.
Minha memória é apagada pelo cansaço. Minhas pupilas dilataram para tentar enxergar, mas meu coração diminuía o ritmo. E decepcionantemente caí mais rápido do que eu gostaria nessa lama. Afundando-me sem pressa, deixando que o frio dessa terra se alimente de mim.
Opa! Eu já passei por isso antes!
Sim! Eu já caí nessa lama, eu já vi essa cena. Eu já desisti de mim mesma outras vezes. Eu já quis me afogar nela, como agora. É que eu venho correndo em círculo, eu corro desesperadamente, dando voltas em mim mesma, tentando sanar essa ferida. Eu dei voltas pela vida e esqueci que embora pareça, e embora eu até quisesse, esse não é o fim definitivo.
Como eu posso ter me atirado nessa lama por livre e espontânea vontade? Como eu pude? Porque eu quis? Essa lama congelando cada célula, cada célula morrendo... Isso me faz lembrar do porquê...
Eu saí correndo em círculos como um animal ferido. Eu corri desesperadamente, dei voltas em mim mesma para sanar essa ferida. Eu quis esquecer nessa corrida, todas as batalhas que eu perdi na vida.
Pobre de mim! Morrendo de pena de mim mesma outra vez! É por isso que ninguém veio me ajudar, eu abandonei a todos, antes que pudessem saber... Eu saí correndo. Entretanto eu me reerguerei. Nunca é tarde para recuperar o tempo perdido.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Deter-se


Aqueles que passam por nós, não vão sós; não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.
(Antoine de Saint-Exupéry)

Deter-se

Parti sem mais nem menos. Com menos certeza que queria, com mais dor do que pressentia.
Parti querendo ficar, pensei mil vezes em voltar. Em resgatar, mas... Deixei tudo pra lá!
Não há motivos para lamentar. Uma boa escolha é o que há. A dor que fica, não fica. Às vezes irrita, mas passará.
Não temo as consequências imediatas. Nem que as lágrimas venham em cascatas, ou que eu sinta o mundo me apedrejar.
Sou eu, mais uma vez eu. Seguindo o meu caminho, sonhando esbarrar com o teu.
Perdido no desalinho da promessa mal costurada, amassada, jogada e perdida. Promessas feitas a mim sempre são esquecidas. Já as que eu faço são cumpridas, ao meu modo, creio eu.
Abandonei o que amo e o que desprezo. Por vezes me enfezo, por vezes estou em paz. O som daquela nação me traiu... E o que em mim surgiu, foi o bem estar de novamente ser eu. Seguindo o meu caminho, sonhando esbarrar com o teu.

DEDICADO À: Pricyla, Carolina, Sheila, Marlon e Caio.

domingo, 8 de abril de 2012

Penso logo existo... Logo desejo não ter pensado




Às vezes eu penso na quantidade de coisas que eu poderia estar fazendo se eu não fosse tão estúpida a ponto de perder tanto tempo imaginando as coisas que eu poderia estar fazendo.
E às vezes eu penso que se eu apenas fizesse sem pensar antes de fazer, eu faria coisas tão sem nexo que se eu parasse pra pensar, eu teria vergonha de mim mesma.
Às vezes eu não penso e, quando eu não penso, eu penso que estou morta. E às vezes eu faço. Simplesmente faço! E quando eu percebo já estou pensando: Por que eu fiz isso?
Às vezes eu não faço por dúvida, então quando alguém me explica eu paro e penso: Por que eu não pensei nisso antes? E às vezes eu penso, e penso muito, mas nunca faço por medo e/ou por vergonha, então passa o momento e eu penso: Por que eu não fiz quando tive a chance?
E todos esses pensamentos me fazem pensar se pensar é de fato algo que se faz, ou algo que simplesmente se pensa. Porque então a frase “Me faz pensar”, estaria errada. Até porque de qualquer modo já estaria errada, pois o certo correto é “Faz-me pensar”. Isso claro, se pensar é algo que se faz, pois se não fosse... A frase não existiria.
E EXISTIR... É uma questão complicada. Porque se eu penso e logo existo, então eu não precisaria fazer mais nada pra provar que eu existo. Entretanto os loucos (que os que se acham normais prendem nos sanatórios) existem mais que nós, e são considerados como pessoas que não existem plenamente. Se eu não fizesse mais nada além de pensar, qual seria a graça em existir? Se eu pensasse, e apenas pensasse, e não fizesse mais nada, eu seria considerada louca, que nem os loucos que existem e provavelmente sentem mais que os normais que só fazem e não existem plenamente. Entretanto, e em suma se eu apenas pensasse ninguém se lembraria de mim. E se eu apenas fizesse, e fizesse sem pensar, eu seria lembrado como um idiota por aqueles que pensam um pouco, e aplaudido por aqueles que não pensam nada. Eu seria aplaudido por pessoas que não existem. E então fazer sem pensar, não seria melhor do que pensar sem fazer.
Será que o certo não seria dizer: Penso, logo existo e logo faço?
Desse modo para fazer algo, seria primeiramente necessário existir, e para existir é necessário pensar. Será que as pessoas que fazem sem pensar existem de fato? Por outro lado eu poderia pensar tanto e por tanto tempo que acabaria não fazendo nada e existindo pela metade, porque nesse exato momento eu penso que o certo seria: Penso, logo existo, logo penso, logo faço, logo existo por inteiro. Até por que se você perceber que existe, é por que você pensou nisso antes e depois de existir. Se você pensa e depois existe e depois sai fazendo, é porque você não pensou no que poderia fazer agora que existe, então não haveria sentido nenhum.
E SENTIDO... Eu não encontro em lugar nenhum, já que eu não entendo como uma coisa que se origina da palavra sentir pode fazer referência a algo que tenha lógica no meio. Afinal de contas a lógica é racional ou emocional? E quando nós pensamos em fazer alguma coisa, nós realmente pensamos em fazer alguma coisa, ou sentimos que devemos fazer alguma coisa? Será que sentir em fazer, não seria algo muito mais inteligente e racional do que pensar em fazer? Então por que eu precisaria pensar para existir, já que se eu sentisse, eu já estaria existindo?
E todos esses pensamentos fazem eu me sentir muito mal. E então eu percebo que existo. Eu não existia quando eu apenas pensava, por que eu ainda não sentia que existia. Eu tive que pensar até que meus pensamentos fizessem um dano no meu emocional, para perceber a quão viva eu estou. Então eu já nem penso mais que se eu pensar eu estarei existindo, mas sim de que eu só teria consciência de que eu estaria existindo quando eu sentisse dor.
E DOR... É algo que não se explica, é algo que apenas se sente, e por vezes algo que se causa (que se faz). Então talvez existir seria sentir a existência ao invés de ter consciência dela, mas se eu não tivesse consciência dela como eu saberia que estou existindo? Como ter a certeza de que eu existo de fato, já que parando para pensar eu só senti minha existência de fato, quando eu pensei muito? Então o certo seria: Penso, logo penso muito, logo sinto, logo sei que existo e logo faço merda. E se o que eu entendo por existir está errado? E se o que eu sei é apenas algo que eu penso que sei? Eu poderia estar existindo antes de pensar...
E eu nem sei o porquê eu penso tanto nisso, já que eu sei, ou pelo menos penso que sei que poucas pessoas entenderiam o que eu estou falando. Já que a maioria das pessoas está pensando em fazer algo que elas pensam que são úteis, mas nunca pararam para sentir se que o que elas pretendem fazer é o que elas querem ou que elas pensam que querem. O que prova que pensar pelo pensamento de outro pode ser muito perigoso. E o que quer dizer que pensar não quer dizer que você existe porra nenhuma já que nesse mundo o que acontece mesmo é: Penso logo penso, logo enlouqueço antes mesmo de saber o que sinto e o que quero fazer, então logo faço sem pensar seguindo todos esses idiotas que não fazem nada e pensam que pensam e pensam que existem.
Então eu penso que seria melhor não existir. Mas depois eu penso: Já que estou aqui vou fazer alguma coisa. E daí eu penso: Fazer o quê?
Fazer o que num mundo onde ninguém pensa ninguém sente e ninguém faz nada? E todos esses pensamentos fazem-me sentir como uma idiota no meio de idiotas e então...
Então eu descubro qual é o certo. O certo é: Penso, logo existo, logo vejo a merda que está o mundo e logo digo “Foda-se” para tudo... Tão logo eu digo isso, tão logo eu não penso, não sinto e não faço mais nada. Então eu entendo, entendo que eu não entendo nada, e que o melhor mesmo seria não ter pensado. E então eu me torno mais uma hipócrita...

Captaram a mensagem da maça na foto?