sábado, 14 de julho de 2012

Himmel


Himmel

Eu vi defuntos

Vestindo máscaras

Preparavam-se para o funeral


Vi mortos aguardando

O fim do expediente

Para encerrar de vez

Mais um dia teatral


Eles se moviam

E cochichavam

Mas não estavam lá de fato

Estavam mortos

Sem velório

E os vermes corroendo

Corroendo....


Uns falavam ao telefone

Outros corriam e se esbarravam

Esbravejavam

Uns pediam esmola

Para as máscaras de ar sério
O mundo na verdade

É um grande cemitério


Somos as flores murchando

Nas lápides onde nossos ancestrais também murcharam

Somos um barril acumulado

De horas trabalhadas

E realizações banais


Eu vi mortos vivendo

Inteiros?

Só em termos carnais
Com os corações sepultados

Com os sonhos esquecidos

Vi rostos pintados

E descoloridos

Mas nenhum com cor natural


Só vi falta de vida

Na vida cotidiana

Vi morte nos sorrisos

E procurei a morte de verdade

E adivinhe!

A morte não está tão morta

Quanto a vida desta cidade


Esbarrei em sonhos perdidos

Daqueles que foram descartados

E se podaram para serem aceitos

E agora morrem de dias perfeitos

Morrem por estarem adaptados


Desculpem-me se ofendo

Mas nessa vida tão estúpida

Quanto mais observo a sociedade

Mas admiro as prostitutas
Cansei de uma vida trancada

E tentei viver de novo

Mas acho que nesse governo

A vida não trabalha de carteira assinada.

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